Por Ir. Norma Maria Ravazzi

Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo!

Todos os anos, o Natal chega e um espírito de amor e fraternidade toma conta de nós. Gestos generosos e amor terno invadem nossos corações. Entretanto, passados alguns dias, aos poucos, tudo parece que volta ao normal. Mas o que é o normal, que o espírito natalino torna diferente?

Ou a pergunta deveria ser outra: que diferença o Natal deveria fazer, no que é normal? Que diferença uma criança que nasce deve provocar em nossos corações?

 nasccristoProvavelmente, todos nós já vivemos a experiência de acompanhar o nascimento de uma criança querida. Como ela é sempre esperada! Com que carinho, com que amor! E no Natal, nós acolhemos uma criança especial que vem. Ela também foi esperada: novenas, preparativos, cumprimentos. Esse calor que invade nosso coração diante de um bebê, deve inundar nosso ser nesta noite.

O Natal deve ser isso. Deve despertar em nós a alegria e o amor de uma criança muito querida que nasce. E esse amor deve nortear nossos valores e redirecionar nossas atitudes e nosso pensar.

O Natal deve nos ensinar que:

Em vez de darmos presentes, deveríamos ser mais presentes na vida das pessoas, sobretudo, na vida daqueles que estão mais próximos de nós, de nossos parentes, nossos pais, nossos filhos, e dos mais excluídos, dos mais pobres.

Em vez de nozes e castanhas, nossas mesas deveriam ter outras frutas, e nós deveríamos trocar trenós por caminhões carregados de alimentos que deveriam ser distribuídos aos mais necessitados.

Em vez de brinquedos caros ou presentes grandiosos, que muitas vezes entulham os nossos quartos, nós deveríamos pedir bênçãos e graças abrindo nossos corações para repartir o nosso supérfluo, pois quem reparte os bens, partilha Deus.

Em vez de sons altos, canções mil, ou televisão, nós faríamos silêncio interior para descermos até o íntimo de nós, onde habita Aquele que forma a nossa identidade.

Em vez de barulho, danças e bebedeiras, nos entregaríamos à meditação e fechando os olhos, enxergaríamos melhor, as nossas necessidades e as do mundo.

Em vez de doarmos presentes para as instituições que cuidam de crianças, nós cuidaríamos para evitar que alguma criança fosse humilhada ou violentada. Nós lhes daríamos ternura, amor, afeto, sonho e pão.

Em vez de festas e amigos secretos, nós destinaríamos todos os custos em alimentos e roupas para quem não os tem. E seríamos, não amigos, mas irmãos e formaríamos uma única grande família.

Em vez de nos deixarmos levar pelo consumismo, colocaríamos em lugar de destaque o grande Mistério da Encarnação: o Deus que se deu a nós, pequenino para nos ensinar a sermos grandes.

Mas se tudo isso é difícil, e, às vezes impossível de ser feito, nós poderemos, aproveitar o Natal, e propor à nossa família que faça, ao menos, uma oração em Ação de Graças pelo muito que tem.

Poderemos aproveitar o Natal e banir de nosso coração toda ira, todo ciúme, todo orgulho, toda aspereza, toda ambição, toda ganância e egoísmo, com que muitas vezes, tratamos os mais próximos de nós. E abriríamos espaço para a doçura, o afeto, a fraternidade e a ternura.

Poderíamos nos comprometer com outras ações: que o tempo gasto com laços, seja usado para dar abraços.

Que o tempo gasto em preparar frios e outras comidas, seja usado para aquecer e produzir mais vida.

Que o tempo gasto com banquetes de todo sabor, seja usado para expressarmos, com gestos e palavras, nosso amor.

Que o tempo gasto com danças, seja usado para acariciar uma criança e cultivar a esperança.

Que o tempo gasto com árvores, luzes, cartões e nozes, seja usado para olharmos nos olhos de nossos pais, mães, de nossos idosos e lhes dizer: vocês são muito importantes para nós.

Que o Menino que vem neste Natal, traga para nós, a alegria, a esperança e o amor.

Que você seja capaz de sair desta Celebração Eucarística, centro de nossa fé, por causa do grande mistério de luz, e continuar fazendo dessa celebração o centro de sua vida, por causa do amor que Deus amoroso partilhou com você: amor de Pai, amor de Filho, amor do Espírito. E então, você irá partilhar todos os dias seu tempo, seus bens, seu trabalho, porque o Natal nos ensina que amar é doar, que nascer é conviver. O Natal nos ensina que é preciso abrir o coração, ir ao encontro do outro; é preciso ser bom, ser generoso; é preciso perdoar. A plenitude da vida de Jesus veio nos dizer: é necessário produzir plenitude de VIDA.

Feliz Natal Pe. Jeová. Feliz Natal a cada um. Feliz Natal à sua família. Feliz Natal a você. Feliz Natal às Irmãs da Ressurreição, minha família aqui presente.

Amém.

 (Voz Terra Assis – Dezembro de 2000) 

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